quinta-feira, 1 de julho de 2010

terça-feira, 30 de outubro de 2007

KARL MANNHEIM (1893-1947)

MANNHEIM E A LUZ NO FIM DO TÚNEL

Mannheim retoma a formulação de Weber sobre os tipos de educação: pedagogias do cultivo e do treinamento. Acrescenta a essa formulação a perspectiva de um programa para a mudança da educação.

+ Fugindo do pessimismo weberiano, propõe que a sociologia sirva de embasamento teórico para educadores e educandos no objetivo de compreenderem a situação educacional moderna.

+ Para Mannhiem o pensamento social não pode explicar a vida humana, mas apenas expressá-la. O papel da teoria é compreender o que as pessoas pensam sobre a sociedade e não o de propor explicações hipotéticas sobre ela.

+ O autor defendia uma sociedade que fosse essencialmente de democrática, uma democracia de bem-estar social dirigida pelo planejamento racional e governada por cientistas.

+ Mannheim:
- Admite que a racionalização da vida levou a um declínio da educação voltada para a formação do homem integral, mas que o arejamento promovido pela democratização das relações sociais permitiu o surgimento de novas esperanças. Nesse sentido, embora o capitalismo tenha gerado desigualdades sociais, o interesse dos jovens das classes inferiores em ascender socialmente à elite, traz ao processo educacional as contribuições culturais das diferentes camadas sociais e intercomunicação entre elas.
- Percebeu a importância da sociologia na modernidade, para o estudo dos fenômenos educacionais, justamente porque a vida baseada na tradição estava se esgotando. Nas épocas históricas dominadas pela tradição (pré-capitalista) a educação resumia-se a ajudar a criança a ajustar-se à ordem social tradicionalmente estabelecida. Valendo-se da influência da psicanálise, observa que tal processo era apenas de assimilação “inconsciente”, pela criança, do modelo da ordem vigente. Mas quanto mais a tradição vai sendo substituída pela racionalização da vida, provocada pela consolidação da sociedade industrial, mais os conteúdos educacionais devem ser transmitidos num processo “consciente”, em que o educador se aperceba do meio social em que vive e das mudanças pelas quais passa. à Nem os objetivos do processo educacional nem as metas podem ser concebidos sem a consideração do contexto social, pois eles são socialmente orientados.
- Não concordava com a idéia de que a teoria pode existir apenas pela teoria. Achava que a sociologia poderia servir de base para o aprimoramento da educação.

+ ‘Queremos compreender nosso tempo, as dificuldades desta Era e como a educação sadia pode contribuir para a regeneração da sociedade e do homem’ (Mannheim apud Rodrigues, p.82).

+ Regenerar de quê?
Regenerar a sociedade e o homem dos efeitos perversos que vêm embutidos no processo de racionalização detectado por Weber. Valer-se da compreensão dos diferentes tipos históricos de educação, construídos por Weber, para a montagem de uma pedagogia de dê conta de educar o homem moderno sem arrancar-lhe as possibilidades oferecidas por uma formação integral.
- Para Mannheim:
· Não há porque pensar que a pedagogia do cultivo está condenada à morte. Os modos de vida incutidos por esta educação, voltada para a cultura e a erudição, estavam associados ao poder de certas classes privilegiadas “que dispunham de lazer e de energias excedentes para cultivá-la”, e tais classes entraram em declínio com o desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia. Concorda que a educação especializada desintegra a personalidade e a capacidade de compreender de modo mais completo o mundo em que se vive. Mas argumenta que a grande questão educacional da primeira metade do século XX era saber se os valores veiculados por este tipo de formação são exclusivamente dessas classes ociosas ou se podem ser transferidos em alguma media às classe médias e aos trabalhadores.
· O elemento histórico decisivo na abertura das possibilidades na sociedade atual é político: o advento da democracia moderna.

O que seria essa “educação sadia”?
+ Mannheim compreende que:
- Existem tendências no sentido de criar padrões melhores de vida. à Os movimentos da juventude são responsáveis pelo desenvolvimento de um ideal de homem “sincero”, interessado numa relação mais autêntica com a natureza e com os outros. A psicanálise é responsável por um novo padrão de vida, com saúde mental, capaz de deixar o homem livre das repressões adquiridas na formação.
- A modernidade não tem apenas custos, ou ameaças à liberdade. Ela traz também esperanças e valores sociais solidários, abertos.
A principal contribuição de todas as que a moderna democracia é capaz de oferecer é a possibilidade de que todas as camadas sociais venham a contribuir com o processo educacional. E a sociologia é a disciplina, em sua visão, capaz de fazer a síntese dessas contribuições. Por isso é tão importante, para ele, que a sociologia sirva de base à pedagogia. (p.83).

Mannheim era um homem de seu tempo, em busca de um programa de estudos em sociologia da educação que possibilitasse a formulação de projetos educacionais que ampliassem o horizonte do homem, que superasse as divisões em blocos políticos e ideológicos, que não o satisfaziam. (...) (p.83).


BIBLIOGRAFIA
RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. 6. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

PIERRE BOURDIEU (1930 -

BOURDIEU E OS ESQUEMAS REPRODUTORES
Questões a refletir a partir do pensamento de Bourdieu: Será que a barreira da dominação social é intransponível? Será que estamos condenados a reproduzir as estruturas indefinidamente?

Bourdieu é um dos principais sociólogos a analisar a educação contemporânea sob a influência do modelo de Durkheim.
+ Para levar a cabo a ambição de Durkheim de unificar as ciências humanas em torno da sociologia, Bourdieu introduziu uma síntese teórica entre o modelo durkheimiano e o estruturalismo.
+ O estruturalismo se conecta à sociologia de Durkheim na medida em que pretende desvendar o peso das estruturas sociais por trás das ações dos sujeitos. (O pensamento de Bourdieu é uma versão mais radical do modelo de Durkheim).

Para o estruturalismo (pensamento de Bourdieu na 1a fase de sua produção, década de 1960) = os sujeitos são uma espécie de marionetes das estruturas dominantes. à Os agentes sociais, mesmo aqueles que pensam estar liberados das determinações sociais, são movidos por forças ocultas, que os estimulam a agir, mesmo que não tenham consciência disso. (“condições objetivas” que o investigador deve desvendar, pois é nelas que residem as explicações)

+ Bourdieu compreende que: a teoria de Durkheim e o estruturalismo permitem demonstrar como os indivíduos, em sua ação, apenas reproduzem as orientações determinadas pela estrutura social vigente.

+ Para Bourdieu: Os sujeitos da ação estão ausentes daquele nível da sociedade em que são objetivamente determinadas as suas ações. O sujeito não existe. O que chamamos de ação, é o processo pelo qual as estruturas se reproduzem. O sujeito está submetido aos desígnios da sociedade, faz o que as estruturas determinam, não sabe disso e ainda é iludido pelos discursos dominantes, que o fazem pensar que sua ação é resultante de vontade própria.

+ Bourdieu e Passeron (em 1964) os herdeiros, livro no qual pretendiam combater uma idéia muito comum na França da época, segundo a qual os estudantes e o meio estudantil seriam uma classe social à parte na sociedade. E seriam responsáveis, em razão de sua juventude e de sua disposição para a ação, pela liderança da transformação social.

+ Em maio de 1968, em Paris, estudantes franceses saíram às ruas, culminando num processo de mobilização que teria um alcance bem maior do que a capital francesa.Ironicamente o livro serviu como estímulo para essas mesmas revoltas estudantis (por seu aspecto crítico).

+ Idéias presentes no livro os herdeiros:
- Discordam do discurso dominante segundo o qual a conquista de uma “escola para todos”, de caráter igualitário, tornaria possível a realização das potencialidades humanas.
- Compreendem que a instituição escolar dissimula por trás de sua aparente neutralidade a reprodução das relações sociais e de poder vigentes: encobertos sob as aparências de critérios puramente escolares, estão critérios sociais de triagem e de seleção dos indivíduos para ocupar determinados postos na vida.
- Entendem que não há qualquer possibilidade de romper com as estruturas de reprodução e afirmam que as teorias pedagógicas são uma cortina de fumaça que procura ocultar o poder reprodutor do sistema que está nas mãos dos educadores. (Para os autores não há saída: o sistema de ensino filtra os alunos sem que eles se dêem conta e, com isso, reproduz as relações vigentes. Não há possibilidade de mudança).

+ 1970: Bourdieu e Passeron refinam suas idéias, incorporando sistematicamente as idéias e Marx e Max Weber, publicando o livro “A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino”.
- Tese central do referido livro: toda ação pedagógica é, objetivamente, uma violência simbólica.
· Violência simbólica = imposição arbitrária que, no entanto, é apresentada àquele que sofre a violência de modo dissimulado, que oculta as relações de força que estão na base de seu poder.
· Ação pedagógica = é uma violência simbólica porque impõe, por um poder arbitrário, um determinado arbitrário cultural.
· Arbitrário cultural = concepção cultural dos grupos e classes dominantes, que é imposta a toda a sociedade por meio do sistema de ensino. Tal imposição não aparece jamais em sua verdade inteira e a pedagogia nunca se realiza enquanto pedagogia, pois se limita à inculcação de valores e normas.

- A ação pedagógica implica o trabalho pedagógico (trabalho de inculcação daquele referido “arbitrário” que deve durar o bastante para que o educando “naturalize” seu conteúdo, encare-o como natural, como evidentemente correto em si mesmo, o bastante para produzir uma “formação durável”).
(...) Na media em que o educando interioriza os princípios culturais que lhe são impostos pelo sistema de ensino – de tal modo que, mesmo depois de terminada sua fase de formação escolar, ele os tenha incorporado aos seus próprios valores e seja capaz de reproduzi-los na vida e transmiti-los aos outros – Bourdieu diz que ele adquire um habitus. Uma vez que o arbitrário cultural a ser imposto é incorporado ao habitus do professor, o trabalho pedagógico tende a reproduzir as mesmas condições sociais (de dominação de determinados grupos sobre outros) que deram origem àqueles valores dominantes. (p.74).

+ O que explica, no pensamento de Bourdieu, a desigualdade que está na base do processo de seleção escolar?
- A compreensão de que todo sistema de ensino institucionalizado visa em alguma media realizar de modo organizado e sistemático a inculcação dos valores dominantes e reproduzir as condições de dominação social que estão por trás de sua ação pedagógica.
(...) Os autores, valendo-se de dados empíricos, demonstram que as “condições de classe de origem” dos alunos que entram no sistema de ensino francês determinam tanto a probabilidade de passagem ao nível escolar seguinte, quanto, ainda, o tipo de estabelecimento de ensino ao qual ele tem acesso (se de melhor ou pior qualidade). Tal situação se reproduz, do ensino básico ao médio e ao superior e determina também, no final das contas, a “condição de classe de chagada”, deste aluno, isto é, o tipo de habitus que adquiriu, o “capital social” ao qual teve acesso e, em especial, a posição na hierarquia econômica e social a que chegou. (P.74).


REFERÊNCIA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.

AUGUSTE COMTE (1798-1857)

Pensamento pedagógico positivista
Consolidou a concepção burguesa da educação

Auguste Comte:
– Expoente máximo do positivismo;
– Ao estudar na escola politécnica de Paris, recebe influência de intelectuais como: o matemático Joseph-Louis Lagrange (1736-1813) e o astrônomo Pierre Simon De Laplace (1749-1827)
– Como secretário de Saint-Simon segue a orientação para o estudo das ciências sociais e as idéias de que:
- Os fenômenos sociais, assim como os físicos, podem ser reduzidos a leis;
- Todo conhecimento científico e filosófico deve ter por finalidade o aperfeiçoamento moral e político da humanidade.

– Curso de filosofia, composto de seis volumes e publicados entre 1830 e 1842 é sua principal obra;
– Transforma Clotilde de Vaux, sua segunda esposa, em musa inspiradora de uma nova religião, cujas idéias estão reunidas na obra Política positiva, ou Tratado de sociologia instituindo a religião da humanidade (1851-1854).
– Na segunda parte de sua vida, esforça-se por transformar a ciência em religião, assim como na primeira, procura transformar a ciência em filosofia.
– Combate o espírito religioso, mas acaba propondo a instituição da religião da humanidade para substituir a Igreja.

Algumas idéias de Comte:
+ A derrota do iluminismo e dos ideais revolucionários devia-se à ausência de concepções científicas. A política tinha de ser uma ciência exata.

+ Uma verdadeira ciência deveria analisar todos os fenômenos, incluindo os humanos, como fatos. Necessitava ser uma ciência positiva. Tanto nas ciências naturais quanto nas humanas, dever-se-ia afastar qualquer preconceito ou pressuposto ideológico. A ciência precisava ser neutra.

+ Leis naturais, em harmonia, regeriam a sociedade.

+ A humanidade passou pr três etapas sucessivas:
- O estado teológico: no qual o homem explicava a natureza por agentes sobrenaturais;
- O estado metafísico: no qual tudo se justificava por meio de noções abstratas como essência, substância, causalidade etc;
- O estado positivo: o estado atual, onde se buscam as leis científicas.
(Comte deduziu da Lei dos três estados o sistema educacional à afirmava que em cada homem as fases históricas se reproduziriam: Primeira fase – a aprendizagem não teria um caráter formal. Transformaria gradativamente o fetichismo natural inicial numa concepção abstrata do mundo; Segunda fase – a da adolescência e da juventude, o homem adentraria no estudo sistemático das ciências. Terceira fase – aos pouco o homem na idade madura chegaria ao estado positivo, passando do estado metafísico. Não mais abraçaria a religião de um Deus abstrato, Enlaçaria a religião do Grande ser, que é a humanidade. A educação formaria a solidariedade humana.).

O que observar no pensamento de Comte?
O positivismo representava a doutrina que consolidaria a ordem pública, desenvolvendo nas pessoas uma “sábia resignação” ao seu status quo. Nada de doutrinas críticas, destrutivas, subversivas, revolucionárias como as do iluminismo da Revolução francesa ou as do socialismo.

A lei dos três estados não foi compatível com a evolução dos educandos: os educandos não seguiam uma previsão tão positiva à as crianças não imaginavam forças divinas para explicar o mundo, os jovens não se mostravam afeitos a abstrações metafísicas.


O positivismo, cuja doutrina visava à substituição da manipulação mítica e mágica do real pela visão científica, acabou estabelecendo uma nova fé, a fé na ciência, que subordinou a imaginação científica à pura observação empírica. Seu lema sempre foi “ordem e progresso”. Acreditou que para progredir é preciso ordem e que a pior ordem é sempre melhor que qualquer desordem. Portanto, o positivismo tornou-se uma ideologia da ordem da resignação e, contraditoriamente, da estagnação social. (GADOTTI, 2001, p. 110)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.

ANTONIO GRAMSCI (1891-1937)

Pensamento pedagógico socialista
Formado no seio do movimento popular pela democratização do ensino. A esse movimento se associaram alguns intelectuais comprometidos com essa causa popular e com a transformação social.
Opõe-se à concepção burguesa da educação, propondo uma educação igual para todos.

Antonio Gramsci:
– Militante e comunista italiano, era filho de camponeses;
– Aos 20 anos foi para Turim e envolveu-se na luta dos trabalhadores;
– Em 1921 ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano e se destacou na oposição a Mussolini;
– Preso em 8 de novembro de 1926, produziu na cadeia mais de três mil páginas nas quais, obrigado pela censura carcerária, teve de inventar termos novos para camuflar conceitos que podiam parecer revolucionários demais aos olhos dos censores;
– Morreu aos 46 anos, passando os últimos 10 anos na cadeia e em regime de detenção em hospitais;
– Construiu um conjunto de princípios originais, ultrapassando na linha do pensamento marxista as fronteiras até então fixadas por Marx, Engels e Lênin;
– O princípio educacional que mais prezou foi a capacidade de as pessoas trabalharem intelectual e manualmente numa organização educacional única ligada diretamente às instituições produtivas e culturais;
– Foi histórico defensor da escola socialista à chamava a escola única de escola unitária, evocando a idéia de unidade e centralização democrática.
– Assim como Lênin, considerava o trabalho como um princípio antropológico e educativo básico da formação.
– Criticou a escola tradicional que dividia o ensino em “clássico” e “profissional”, o último destinado às “classes instrumentais” e o primeiro às “classes dominantes e aos intelectuais”. à Propõe a superação desta divisão, defendendo que uma escola crítica e criativa deve ser ao mesmo tempo “clássica”, intelectual e profissional.;
– Postulou a criação de uma nova camada intelectual.

Algumas idéias de Gramsci:
+ Para neutralizar as diferenças, devidos à procedência social, deviam ser criados serviços pré-escolares.
+ A escola deveria ser única, estabelecendo-se uma primeira fase com o objetivo de formar uma cultura geral que harmonizasse o trabalho intelectual e o manual. Na fase seguinte, prevaleceria a participação do adolescente, fomentando-se a criatividade, a autodisciplina e a autonomia. Depois viria a fase da especialização. Nesse processo tornava-se fundamental o papel do professor que devia preparar-se para ser dirigente e intelectual.
+ O desenvolvimento do Estado comunista se ligava intimamente ao da escola comunista: a jovem geração se educaria na prática da disciplina social, para que a realidade comunista se tornasse um fato.
+ O advento da escola unitária significa o início de novas relações entre trabalho intelectual e trabalho industrial na apenas na escola, mas em toda a vida social. O princípio unitário, por isso, refletir-se-á em todos os organismos de cultura, transformando-se e emprestando-lhes um novo conteúdo.
+ Ao contrário do que prega o liberalismo de Rousseau, a coação e a disciplina são necessárias na preparação de uma vida de trabalho, para uma liberdade responsável. (Gramsci, no entanto, se opõe ao autoritarismo irracional à numa relação entre governantes e governados que realiza uma vontade coletiva, a disciplina, para ele, é assimilação consciente e lúcida da diretriz a ser realizada).
+ No mundo moderno a educação técnica, estreitamente ligada ao trabalho industrial, mesmo ao mais primitivo e desqualificado, deve constituir a base do novo tipo intelectual. Da técnica-trabalho, eleva-se à técnica-ciência e à concepção humanista histórica, sem a qual se permanece “especialista” e não se chega a “dirigente” (especialista mais político).
+ o próprio esforço muscular-nervoso, que inova continuamente o mundo físico e social, seria o fundamento de uma nova e integral concepção do mundo. Uma vez o trabalho é uma modalidade de práxis, está é a própria atividade com que o homem se caracteriza e pela qual se apodera do mundo.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.

MAX WEBER (1864-1920)

SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E DESENCANTAMENTO

As sociologias de Durkheim e Marx, já vimos, partiram da idéia de que só é possível compreender as relações entre os homens se compreendermos a sociedade que os obriga, em níveis e em medidas diversas, a agir de acordo com forças estranhas a suas vontades individuais, e impositivas com relação a elas. (...) (p.51).

+ Para Durkheim a educação é o mecanismo pelo qual o indivíduo torna-se membro da sociedade.
+ Para Marx a sociedade é um mecanismo que, conforme o conteúdo de classe, pode ser utilizado para oprimir ou para emancipar o homem.

A sociologia de Max Weber (1864-1920) aponta para outra compreensão: A sociedade não é apenas uma “coisa” exterior e coercitiva que determina o comportamento dos indivíduos, mas o resultado de inúmeras interações interindividuais. A sociedade não é aquilo que pesa sobre os indivíduos, mas aquilo que se veicula entre eles.

Weber e o pensamento sociológico
+ A sociologia weberiana gira em torno do conceito de “ação social” e do postulado de que a sociologia é uma ciência “compreensiva”.
+ Diferentemente das ciências naturais, para as quais os acontecimentos são relativamente independentes do cientista que os analisa, nas ciências sociais os acontecimentos dependem fundamentalmente da postura e da própria ação do investigador. = A realidade não é uma coisa em si. Ela ganha um determinado rosto conforme o olhar que você lança sobre ela.
+ Weber se recusa a tratar os “fatos” sociais como se fossem “coisas”. Para ele, as coisas que eu vejo podem ser diferentes das coisas que você vê; pode ser também que as coisas que eu vejo não são coisas para você. A razão disso é que os homens vêem o mundo que os cerca a partir de seus valores.
+ Os valores são compartilhados, mas são introjetados (subjetivados) de modos distintos, conforme o processo de interação em que o indivíduo está inserido.
+ Como Weber concebe a realidade? Como o encontro entre os homens e os valores aos quais eles se vinculam e os quais articulam de modos distintos no plano subjetivo.

+ As ciências sociais (que Weber chama de ciências da cultura) são vistas como a possibilidade de captação da interação entre homens e valores no seio da vida cultural (captação da ação social)

+ Para Weber, como a realidade é infinita, apenas um fragmento de cada vez pode ser objeto do conhecimento. O “todo” (a sociedade) que supostamente pesaria sobre as partes (os indivíduos) é incompreensível se for tratado como um todo, como uma coisa. Este todo reside na interação entre as partes e não é possível conhecer todas elas ao mesmo tempo, porque são muitas e porque se renovam a cada dia.

+ A sociedade, em Weber, não é um bloco, mas uma teia.

+ Na seleção do fragmento a ser investigado estarão presentes os valores do investigador, que faz parte dessa sociedade ou de alguma outra. Trata-se de um processo subjetivo que não compromete a objetividade do conhecimento, desde que o investigador leve em conta, na interpretação das ações e relações, os valores que ele atribui ao próprio ator social (aquele que pratica a ação) e não os seus próprios valores (do investigador).

+ O que pode ser concluído das idéias até agora expostas?
- O trabalho científico é inesgotável, porque o real o é, bem como fragmentário e especializado.
- O objeto das ciências da cultura será a decifração da significação (o sentido) da ação social (as condutas humanas). A única maneira de estudar esse objeto é a compreensão.

Diz o autor que Weber era um pessimista radical, porque: ele achava que o tipo de vida imposto às pessoas no mundo moderno fazia com que a educação deixasse de formar o homem, para simplesmente prepará-lo para desempenhar tarefas na vida.

+ Definição da sociologia compreensiva de Weber...
Ponto de partida: o que é ação social? A ação social ocorre quando um indivíduo leva os outros em consideração no momento de tomar uma atitude, de praticar uma ação.

+ Agir em sociedade implica um certo grau de racionalidade por parte de quem age, e implica no fato de que esta racionalidade de cada indivíduo sempre está referida aos outros indivíduos que os cercam. (Pensamento fundamental para entender Weber).

+ Ação social racional com relação a fins/ Comportamento racional com relação a fins – é aquele que se orienta por meios tidos como adequados (subjetivamente) para obter fins determinados, fins estes tidos como indiscutíveis pelo indivíduo (subjetivamente). Exemplo: Vou à escola pensando em me formar e ganhar dinheiro.
+ Ação social com relação a valores: orienta-se pelos valores familiares ou pelo modo como os incorporamos à nossa hierarquia de valores. Exemplo: Vou à escola porque minha formação familiar deu muita importância aos estudos.
+ Ação social afetiva: Tipo de comportamento no qual somos irracionais. Exemplo: Vou à escola por causa dos amigos, dos professores ou da namorada/namorado.

+ Qual, então, é a racionalidade perfeita para Weber?
É a adequação entre os meios de que você se vale para agir e os fins que você objetiva alcançar com esta ação.
Na ação afetiva não levamos em consideração objetivos a serem alcançados nem buscamos utilizar dos melhores meios para isso.

+ Esses tipos de ação não aparecem separados no dia-a-dia. (As razões para ir a uma escola se misturam). O método de Weber consiste em isolar esses tipos “puros” de comportamento. Weber sabe que na prática empírica os tipos puros não existem, mas os constrói para que sirvam de referência.

Weber sistematiza um dos mais importantes métodos de investigação das ciências sociais/ Passo a passo:
1. Construir um tipo ideal “puro” (Weber construía vários tipos de ação social, tipos de dominação política etc). O tipo é uma construção mental feita na cabeça do investigador, a partir da vários exemplos históricos. Ele é um exagero de perfeição que jamais será encontrado na prática.
2. Olhar o mundo social que o cerca, esta teia inesgotável de eventos e processos, e selecionar dele o aspecto a ser investigado (não dá para ser tudo, tem que ser uma coisa de cada vez).
3. Comparar o mundo social empírico como o tipo ideal construído. Aspecto a observar: Ideal não significa desejado, idealizado, idealizar o que seria uma sociedade perfeita. Significa que escolhemos as características mais “puras” dos tipos. (Para Weber, os tipos mais puros de conduta são os mais racionais, no sentido de adequação entre meios e fins).
4. À medida que descrevemos o quanto a realidade se aproxima ou se distancia do tipo puro que construímos, essa realidade se apresenta a nós, se revela em seu caráter mais complexo; os comportamentos vêm à luz revelando a racionalidade e a irracionalidade que os tornou possíveis.

É assim que a ação social racional com relação a fins (aquele caso hipotético em que o indivíduo realizaria um cálculo perfeitamente racional) serve exatamente para que se possa avaliar o alcance, na prática, daquilo que é irracional com relação aos fins a que se propõe aquele que pratica a ação. (...) (pp.56-57).

+ Comportamento subjetivo em Weber não se restringe ao comportamento psíquico. Comportamento subjetivo é comportamento do sujeito da ação, e nenhuma ação é social se não se referir ao comportamento dos outros sujeitos e dos obstáculos que todos enfrentam para levar as suas ações até as últimas conseqüências. Aquilo que é mental, exclusivamente psíquico, para Weber é incompreensível do ponto de vista da sociologia.

+ O que seria, então, a sociologia compreensiva?

É a sociologia que se refere à análise dos comportamentos movidos pela racionalidade dos sujeitos com relação aos outros.

+ Para Weber:
- Os comportamentos dos atores são interpretados como sendo dotados de intencionalidade, como sendo ações propriamente ditas.
- O indivíduo constitui o único portador de um comportamento provido de sentido, de intencionalidade. Conceitos como Estado, capitalismo ou Igreja reduzem-se a categorias que se referem a determinados modos de o homem agir em sociedade.
- A tarefa da sociologia é interpretar este agir de modo que ele se torne um agir compreensível, e isto significa, sem exceção, um agir de homens que se relacionam uns com os outros.


O indivíduo e as instituições sociais
+ Para Weber, o indivíduo, no momento do agir, leva em consideração o comportamento dos outros: é isso que faz da ação, uma ação social. Além disso, as normas sociais influenciam o agir do indivíduo na mesma medida em que são resultados do agir dos próprios indivíduos ao longo do tempo. Como entender o funcionamento disso? à Vendo como Weber distingue os conceitos de “comunidade” e “sociedade”.

+ Para Weber:
- Agir em comunidade é aquele agir que se baseia nas expectativas que temos com relação ao comportamento dos outros. O agir em comunidade explica-se pela existência objetiva de uma maior ou menor probabilidade de que tais expectativas sejam fundamentadas. Quando agimos racionalmente, esperamos que os outros também ajam assim, para que possamos calcular as possibilidades reais de levarmos nossos objetivos até o fim. O agir em comunidade também pode se fundamentar na expectativa de que os outros dêem determinado peso a certos valores e crenças, ou então na expectativa de que os outros se comportem de um modo regular, na média dos comportamentos geralmente usados para aquela situação. Ou, ainda, de que se comportem de modo emotivo, irracional.

EM RESUMO: Agir em comunidade é comportar-se com base na expectativa de que os outros também se comportem de um determinado modo.
- Agir em sociedade é um agir no qual as expectativas se baseiam nos regulamentos sociais vigentes. Exemplo: acredito que alguém não vai matar sua mãe, não apenas porque imagino que goste dela, mas porque tem certeza de que os assassinos são condenados e presos pelo sistema legal vigente. Além de pouco afetivo, praticar este ato seria bastante irracional.

(...) No agir em sociedade, além do indivíduo orientar-se por este tipo de expectativa baseada nos regulamentos, supõe-se que tais regulamentos tenham sido feitos justamente com o objetivo de que os homens ajam segundo suas determinações, e não de outra maneira. (...) (pp.58-59) Exemplo: se um homem praticar sexo com uma menor de 14 anos, não apenas poderá ser malvisto na vizinhança, como pode ser preso.

+ Quando o indivíduo calcula que é melhor agir com base nas regras também porque os outros agem igualmente segundo as regras, ele está agindo em sociedade.
+ As regras funcionam como uma espécie de condensação de expectativas recíprocas e tornam o universo social organizado e inteligível pelos atores individuais. Quando isso ocorre, Weber diz que existe uma ordem social.
+ A validade da norma não se baseia apenas nas expectativas recíprocas. Quanto mais disseminada socialmente estiver a convicção de cada um de que as regras são obrigatórias para eles, melhor fundamentadas serão as expectativas de uns com relação ao comportamento dos outros.
+ Em busca de seus objetivos e levando em consideração a existência das normas, o ator social pode deliberadamente fazer parte de uma coletividade orientada de modo comum por estes referenciais. A esta coletividade Weber dá o nome de associação racional com fins.
+ Uma associação com fins, definida pela existência de regras gerais e de órgãos próprios, quando plenamente desenvolvida, não é uma formação social efêmera. Mesmo renovando-se os sócios a associação permanece, na medida em que as regras e os órgãos permaneçam. Quando isso ocorre, Weber diz que as associações humanas se institucionalizaram.
+ A vida comum em associações permite que sejamos capazes de prever quais serão os passos mais prováveis das outras pessoas; ela torna inteligível o mundo que nos cerca. à Quanto mais as pessoas assimilam subjetivamente a obrigatoriedade das regras, mais a previsibilidade aumenta. A institucionalização se completa quando as pessoas aceitam este quadro normativo.

+ A sociologia de Weber nos faz pensar que embora estejamos obrigados a agir conforme um pacote de regras que regulam a nossa vida, é preciso considerar que essas regras (todas as regras e não apenas as leis e os decretos) foram criadas por indivíduos como nós, em tempos passados, e continuam a ser criadas; e também que elas estão ai para serem mudadas, e portanto todos nós participamos disso.

+ Para Weber, historicamente, as associações políticas humanas, e o Estado em particular, passaram por um processo de institucionalização. Nesse processo, as regras foram se tornando cada vez mais racionais, foram sendo feitas com vistas a fins específicos e estabelecendo os meios mais adequados para levá-los a cabo (punições em dinheiro ou reclusão).

+ Quando as pessoas obedecem às regras não apenas porque temem a punição, mas também porque estão convencidas da necessidade de obedecer, porque introjetaram a norma, Weber diz que a dominação baseia-se no consenso da legitimidade.

O que guardar de tudo o que foi dito até agora?

O fundamental não é o fato dos homens serem coagidos, mas sim o fato de agirem racionalmente, e de que esta racionalidade os faz consentirem com a dominação à qual estão sujeitos, para que possam com isso ganhar condições de previsibilidade com relação à ação dos outros homens que estão também sujeitos à mesma relação de dominação e, em decorrência, possam viver em sociedade.

Desencantar o mundo
Para Weber, com a institucionalização: o estabelecimento de uma ordem social “com relação a fins” vai se tornando cada vez mais amplo. O consenso aí construído é obtido mediante regras e mediante coação, e uma crescente transformação com relação a fins se opera na sociedade. (Sentido histórico que Weber chama de racionalização).

A história humana, segundo ele, é um processo de crescente racionalização da vida, de abandono das concepções mágicas e tradicionais como justificativas para o comportamento dos homens e para a administração social. (...) (p.62)

O pensamento acima nos ajuda a compreender o sentido de uma tipologia de Weber sobre os três tipos puros de dominação:
- A dominação tradicional: legitimidade baseada na tradição.
- A dominação carismática: legitimidade baseada no carisma do líder.
- A dominação racional-legal: legitimidade baseada na lei e na racionalidade (adequação entre os meios e fins) que está por trás da lei.

+ Se a associação estatal passa por um processo de racionalização, as formas de dominação no Ocidente caminham, tendencialmente, para o tipo racional-legal.

+ Recapitulando para compreender melhor a idéia de racionalização... à A sociologia de Max Weber parte da ação e da interação dos indivíduos como constitutivas da sociedade. Quanto mais complexas as sociedades (maior sua racionalização), maior o número de regulamentos sociais a serem obedecidos. Quanto mais complexa a sociedade, mais conflitiva tende a ser a interação entre os indivíduos e grupos, uma vez que maiores serão as “constelações de interesses” que se contrapõem e maior também a necessidade de regulamentá-los. Para Weber a complexificação gera conflito, o que por sua fez gera a necessidade da regra.
(...) O ingresso dos indivíduos nesta grande associação, na qual estão obrigados a submeter-se ao poder já instituído, não é voluntário, e as regras são feitas, diz ele, por meio da força, da imposição da vontade de alguns indivíduos e grupos sobre outros indivíduos e grupos: uns mandam, outros obedecem (A esse processo Weber chama de dominação).

+ Para legitimar-se (= garantir a aceitação dos comandados) a dominação se baseia na tradição, no carisma do líder ou na forma do direito racional.

Implicações do pensamento de Weber para a educação:
A educação, para Weber, é o modo pelo qual os homens são preparados para exercer as funções que a transformação causada pela racionalização da vida lhes colocou à disposição.

+ A lógica da racionalidade, da obediência à lei e do treinamento das pessoas para administrar as tarefas burocráticas do estado foi aos poucos se disseminando. Na formação do Estado moderno e do capitalismo moderno, que são inseparáveis um do outro, Weber dá especial atenção a dois aspectos: de um lado, a constituição de um direito racional, um dos pilares do processo de racionalização da vida, e de outro, a constituição de uma administração racional em moldes burocráticos. O direito racional oferece as garantias contratuais e a codificação básica das relações de troca econômica enquanto eu o desenvolvimento da empresa capitalista moderna oferece o modelo para a constituição da empresa de dominação política própria do capitalismo, o Estado burocrático. (p.64)

+ A educação sistemática, para Weber, passou a ser “pacote” de conteúdos e de disposições voltados para o treinamento de indivíduos que tivessem de fato condições de operar essas novas funções, de “pilotar” o Estado, as empresas e a própria política, de um modo “racional”. Um dos elementos essenciais na constituição do Estado moderno é a formação de uma administração burocrática em moldes racionais. (...) (p.64) Esse processo só ocorreu de modo completo no Ocidente, com a substituição paulatina de um funcionalismo não especializado por um mais especificamente treinado e politicamente orientado com base em regulamentos racionais.

+ O Oriente aparece como protótipo da administração irracional, pois esteve baseada na concepção mágica de que a virtude do Imperador (Exemplo da China) e dos funcionários, de sua superioridade em matéria literária, para governar.
+ O capitalismo moderno prosperou no Estado racional. Este se funda na burocracia profissional e no direito racional.

Treinar, em vez de cultivar o intelecto
Para Weber:
+ A racionalização e a burocratização alteraram radicalmente os modos de educar. Alteraram também o status, o reconhecimento e o acesso a bens materiais por parte dos indivíduos que se submetem à educação sistemática.
+ Educar no sentido da racionalização passou a ser fundamental para o Estado, porque ele precisa de um direito racional e de uma burocracia montada em moldes racionais.
+ Educar no sentido da racionalização também passou a ser fundamental para empresa capitalista, pois ela se pauta na lógica do lucro, do cálculo de custos e benefícios, e precisa de profissionais treinados para isso.

(...) Mais que profissionais da empresa ou da administração pública, o capitalismo e o Estado capitalista forjaram um novo homem: um homem racional, tendencialmente livre de concepções mágicas, para o qual não existe mais lugar reservado à obediência que não seja a obediência ao direito racional. Para este homem, o mundo perdeu o encantamento. Não é mais o mundo do sobrenatural e dos desígnios de Deus ou dos imperadores.É o mundo do império da lei e da razão. Educar num mundo assim, certamente não é o mesmo que educar antes dessa grande transformação, provocada pelo advento do capitalismo moderno. (pp.65-66).

+ Educação, na medida em que a sociedade se racionaliza, historicamente, torna-se um fator de estratificação social, um meio de distinção, de obtenção de honras, de poder e de dinheiro.

+ No modelo ideal weberiano a educação é socialmente dirigida a três tipos de finalidades:
Despertar o carisma (não constitui propriamente uma pedagogia, pois não se aplica a pessoas comuns, mas apenas àquelas capazes de revelar qualidades mágicas ou dons heróicos: ascetismo mágico antigo e dos heróis guerreiros da Antiguidade e do mundo medieval, que eram educados para adquirir uma “nova alma”, renascer);
+ Preparar o aluno para uma conduta de vida (Weber chama de pedagogia do cultivo, pois procura formar um tipo de homem que seja culto, onde o ideal de cultura depende da camada social para a qual o indivíduo está sendo preparado, e que implica em prepará-lo para certos tipos de comportamento interior e exterior);
+ Transmitir conhecimento especializado (Pedagogia do treinamento: Com a racionalização da vida social e a crescente burocratização do aparato público de dominação política e dos aparatos próprios às grandes corporações capitalistas privadas, a educação deixa paulatinamente de ter como meta a qualidade da posição do homem na vida e torna-se cada vez mais um preparo especializado com o objetivo de tornar o indivíduo um perito).

+ Para Weber, além de minimizar a formação humanística de caráter mais integral, a educação racionalizada (pedagogia do treinamento), continua a ser usada como mecanismo de ascensão social e de obtenção de status privado.

+ O capitalismo reduzia tudo, inclusive a educação, à mera busca por riqueza material e status.

Marx via no capitalismo a escravidão do ser humano por meio da alienação do trabalho, e na educação a possibilidade de romper com ela. Weber via na pedagogia do treinamento imposta pela racionalização da vida, o fim da possibilidade de desenvolver o talento humano, em nome da preparação para a obtenção de poder e dinheiro. A racionalização é inexorável, invencível, e a educação especializada, a lógica do treinamento, para Weber, também é. Para ele, não há nada que se possa fazer a respeito. (p.69).

BIBLIOGRAFIA
RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. 6. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

KARL HEINRICH MARX (1818-1883)

Pensamento pedagógico socialista
Formado no seio do movimento popular pela democratização do ensino. A esse movimento se associaram alguns intelectuais comprometidos com essa causa popular e com a transformação social.
Opõe-se à concepção burguesa da educação, propondo uma educação igual para todos.

Karl Marx:
– Foi filósofo e economista alemão, ideólogo do comunismo científico e organizador do movimento proletário internacional.
– Nasceu em Treves em 5 de maio de 1818. Filho de um advogado judeu convertido ao protestantismo.
– Cursou as Universidades de Bonn e Berlim, onde estudou Direito, dedicando-se especialmente à história e à filosofia.
– Em Berlim ingressou no grupo chamado “hegelianos de esquerda”, que interpretava as idéias de Hegel do ponto de vista revolucionário.
– Não se limitando aos estudos teóricos, desenvolveu, durante toda a sua vida, intensa atividade política, elaborando a doutrina do socialismo.
– Enuncia, ao lado do Engels (1820-1895), os princípios de uma educação pública e socialista;
– Realiza com Engels uma análise sistemática da escola e da educação. à Suas idéias a esse respeito encontram-se disseminadas ao longo de vários de seus trabalhos (a problemática educativa foi colocada de modo ocasional, fragmentário, mas sempre no contexto da crítica das relações sociais e das linhas mestras de sua modificação);

Algumas idéias de Marx:
+ Defende, na obra Manifesto do partido comunista (escrito entre 1847 e 1848), a educação pública e gratuita para todas as crianças, baseadas nos princípios:
* da eliminação do trabalho delas na fábrica;
* da associação entre educação e produção material;
* da educação politécnica que leva à formação do homem omnilateral, abrangendo três aspectos: mental, físico e técnico, adequados à idade das crianças, jovens e adultos;

* da inseparabilidade da educação e da política, portanto, da totalidade do social e da articulação entre o tempo livre e o tempo de trabalho, isto é, o trabalho, o estudo e o lazer.

+ Defende o trabalho infantil, mas insiste em que este trabalho (útil, de valor social) deva ser regulamentado cuidadosamente, de maneira em que nada se pareça com a exploração infantil capitalista.

Contribuições do Marxismo para a educação:
+ Esclarecimento e compreensão da totalidade social, de que a educação é parte, incluindo as relações de determinação e influência que ela recebe da estrutura econômica.
+ Para ele, a educação do futuro deveria nascer do sistema fabril, associando-se o trabalho produtivo com a escolaridade e a ginástica. Essa educação se constituiria no método para produzir seres humanos integralmente desenvolvidos.
+ A transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social. Para o desenvolvimento total do homem e a mudança das relações sociais, a educação deveria acompanhar e acelerar esse movimento, mas não se encarregar exclusivamente de desencadeá-lo, nem de fazê-lo triunfar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.

ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)

Pensamento pedagógico positivista
Consolidou a concepção burguesa da educação.

Emile Durkheim:
– Um dos principais expoentes na sociologia da educação positivista/mestre da sociologia positivista moderna;
– Nasceu na França, de uma família de rabinos;
– É mais conhecido como sociólogo, mas também foi pedagogo e filósofo;
– Pai do realismo sociológico, explica o social pelo social, como realidade autônoma;
– Tratou em especial dos problemas morais (o papel que desempenham, como se formam e se desenvolvem), concluindo que a moral começa concomitantemente à vinculação com o grupo;
– Considerava a educação como imagem e reflexo da sociedade, como um fato fundamentalmente social.

Algumas idéias de Durkheim:
+ A primeira e mais fundamental regra é considerar os fatos sociais como coisas. à A sociedade se comparava a um animal: possui um sistema de órgãos diferentes onde cada um desempenha um papel específico. Alguns órgãos seriam naturalmente mais privilegiados do que outros. Esse privilégio, por ser natural, representaria um fenômeno normal, como em todo organismo vivo onde predomina a lei da sobrevivência dos mais aptos e a luta pela vida.

+ O homem nasce egoísta e só a sociedade, por meio da educação, pode torná-lo solidário. à A educação é ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social.

+ A educação é um esforço contínuo para preparar as crianças para a vida em comum. à Daí a necessidade de impor às crianças maneiras adequadas de ver, sentir e agir, às quais elas não chegariam espontaneamente.

+ Os fins da educação devem ser determinados pela sociologia. Pedagogia e educação não representam mais do que um anexo da sociedade e da sociologia, portanto, deveriam existir sem autonomia.

+ Por meio da educação deve-se suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais, exigidos pela sociedade política no conjunto e pelo meio espacial a que ela particularmente se destina.

O que observar no pensamento de Durkheim?
Assim como em Comte, o pensamento de Durkheim revela o caráter conservador e reacionário da tendência positivista na educação.

BIBLIOGRAFIA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Recursos de síntese

RESUMO E FICHAMENTO DE CITAÇÃO
O material é resultado de uma breve pesquisa em manuais de pesquisa e sites e pretende oferecer algumas dicas para a elaboração de resumos e fichamentos, recursos de síntese que solicitamos como modalidades de producação do conhecimento e avaliação para o semestre 2007.2 nas disciplinas de Sociologia e História da Educação . Espero que ele seja útil para todos!
Abraços!
Francisco Sales da Cunha Neto
cidadaniaplanetaria@yahoo.com.br

RESUMO
Alguns conceitos
Resumo é um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a suas principais idéias. Em princípio, o resumo é uma paráfrase e pode-se dizer que dele não devem fazer parte comentários e que engloba duas fases: a compreensão do texto e a elaboração de um novo. (MEDEIROS, 2004, p. 125)

Resumo é uma apresentação sintética e seletiva das idéias de umtexto, ressaltando a progressão e a articulação delas. Nele devem aparecer as principais idéias do autor do texto. (MEDEIROS, 2004, p. 142)

O resumo é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais idéias do autor da obra. (LAKATOS e MARCONI, 2005, p.68)

Fazendo um resumo
Fazer resumo de textos lidos é uma técnica de grande auxílio ao estudar. É uma boa maneira de compreender e memorizar o texto, além de facilitar o trabalho caso ele tenha que ser revisto posteriormente. É claro que, para conseguir tais resultados, o resumo deve ser eficiente. Um resumo é uma condensação fiel das idéias contidas em um texto, é uma redução do texto original. Não cabem no resumo comentários ou julgamentos pessoais a respeito do que está sendo resumido. Muitas pessoas fazem o resumo de maneira errada apenas produzindo partes ou frases do texto original, e elaborando-o à medida que lêem. Para elaborar um bom resumo é necessário compreender antes todo o conteúdo do texto, Não é possível resumir um texto a medida que se faz a primeira leitura e a reprodução de frases do texto, em geral, indica que ele não foi compreendido.
Quem resume apresenta, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto, procurando expressar suas idéias essenciais na progressão e no encadeamento em que aparecem. Ou seja, ao fazer um resumo é importante não perder de vista três elementos:

+ As partes essenciais do texto;
+ A progressão em que elas se sucedem ;
+ A correlação entre cada uma dessas partes.

A correlação entre cada uma dessas partes
Fazer um bom resumo não é tão fácil quanto parece, é uma habilidade que deve ser aprendida e praticada. Existem indicações a respeito de como fazer um resumo que podem facilitar sua elaboração. Os seguintes passos podem ser recomendados:
1. Leia o texto inteiro ininterruptamente e tente responder a seguinte pergunta: De que se trata o texto? É preciso compreender o texto e ter uma noção do conjunto antes de fazer o resumo.
2. Releia o texto e tente compreender melhor o significado das palavras difíceis. Recorra ao dicionário se necessário. Tente identificar o sentido de frases mais complexas. Você pode fazer um glossário do texto para facilitar seu trabalho e agilizar sua leitura.
3. Tente fazer uma segmentação do texto, agrupando idéias que tenham alguma unidade de significação. Se o texto for pequeno, pode dividi-lo em parágrafos; com textos maiores é aconselhável adotar um critério de segmentação mais funcional, a partir de subtítulos por exemplo.
4. Para finalizar, redija o resumo com suas palavras, procurando condensar e encadear os segmentos na progressão em que sucedem no texto e estabelecendo relações entre eles.

Atenção: quando o resumo refere-se a uma obra completa, é chamado de sipnose

FICHAMENTO DE CITAÇÃO OU DE TRANSCRIÇÃO - ALGUNS CONCEITOS

Conceitos
Consiste na reprodução fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. (LAKATOS e MARCONI, 2005, p.54).

Aspectos a observar, de acordo com LAKATOS e MARCONI (2005, p. 57):
+ Toda citação tem de vir entre aspas;
+ após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída;
+ a transcrição tem de ser textual;
+ a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada (no local da omissão, utilizar três pontos no início ou final do texto e entre parênteses, no meio);
+ a supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando-se uma linha completa de pontos.
+ a frase deve ser complementada, se necessário.
+ quando o pensamento transcirto é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado.

A transcrição direta exige a colocação de aspas no início e no final do texto. Consiste na reprodução fiel de textos do autor citado. Se já houver no texto transcrito expressão aspeadas, tais aspas devem ser transformadas em aspas simples (‘).(MEDEIROS, 2004, p. 120)

Aspectos a observar, de acordo com MEDEIROS (2004, p. 124):
+ Indica-se o númeor da pa´gina de onde foi transcrito o texto;
+ Se houver erro de grafia ou gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se entre parênteses (sic);
+ a supressão de palavras é indicada com três pontos entre parênteses;
+ a supressão de um ou mais parágrafos intermediários é indicada por uma linha pontilhada.
+ ao transcrever textos, é preciso rigor, observando aspas, itálicos, maiúsculas, pontuação etc. Não se deve alterar o texto de nenhuma fora, como por exemplo, trocando palavras por outras de sentido equivalente.

Preparando um fichamento

Fichamento é uma maneira excelente de manter um registro de tudo que você lê. Depois de você fazer um bom fichamento de um texto, ou livro, você nunca mais precisará recorrer ao original novamente. O que fará com que você ganhe tempo. Além disso durante o processo de fazer o fichamento você pode adquirir uma compreensão maior do conteúdo do texto. Mas o que é fichamento? Para explicar o que é fichamento é melhor explicar antes o que não é : fichamento : não é resumo, embora possa conter resumos; fichamento não paráfrase, embora possa conter paráfrases do autor. Fichamento é basicamente o arquivo do texto que você lê contendo a referência e o que você entendeu do conteúdo do texto de uma obra, de um texto ou mesmo de um tema.


A seguir algumas dicas de como fazer uma fichamento:
a) Fichamento de uma obra ou texto: o fichamento de uma obra ou texto deve conter os seguintes itens:
Referência
O que você entendeu a respeito do conteúdo do texto
Frases literais (opcional)

Para fazer o fichamento de uma obra ou texto você deve:
1. Ler o texto inteiro uma vez ininterruptamente
2. Ler o texto novamente, grifando, fazendo anotações e procurando entender o que o autor quer dizer em cada parágrafo.
3. Fazer o fichamento

b) Fichamento de um tema
O fichamento de um tema deve conter os seguintes itens:
O tema
Referência de uma obra
O que você entendeu sobre o que o autor disse a respeito do tema
Frases literais do autor
Referência de outra obra
O que você entendeu a respeito do que o outro autor disse a respeito do tema e assim por diante
O fichamento de temas se faz pelo mesmo método que o fichamento de textos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.